Vitória! Filme TEMPO é vencedor em festival no Reino Unido

Ainda estou tentando processar essa vitória. Sim, “vencer” é tão complexo porque vai além de um título.

Quando perdi meu pai e meu irmão aos 5 anos de idade em um acidente que eu estava envolvido encontrei no cinema um refúgio, um lugar onde eu me perdia e me encontrava. É como se ali dentro, eu pudesse viver tudo aquilo que o “mundo real” jamais me traria.

Eu já me sentia diferente desde então, desconexo. É como se eu não me encaixasse, como uma peça de quebra cabeça num jogo errado. Aos 8 anos já tinha um caderninho onde criava histórias, novelas (claro com todas as limitações de uma criança de 8 anos).

Criar essas histórias eram mesmo sem eu perceber, o meu refúgio. É como se através delas, eu pudesse expressar meus anseios, dores, desejos, medos, me desnudar, mostrar meus escuros.

Hoje, com 6 filmes produzidos e dois tendo recebido reconhecimento internacional, é como se toda essa viagem tentasse me dizer algo, me mostrar algo.

Ainda não sei o que é (será que um dia saberei?) Bom, para aquela criança sonhadora (e quebrada, sim quebrada) deixo apenas meu carinho e compaixão. Talvez a obra que criei “TEMPO” seja para mostrar a mim mesmo, que algumas coisas cabem somente ao TEMPO resolver, mas que também talvez nunca se resolvam.

Quero agradecer ao amigo e talentoso Luís Mingau, a amiga e igualmente talentosa Ana Paula e a todos que torceram pelo filme.

Sobre “vencer” que eu citei lá em cima concluo a reflexão: a vitória não é sobre os 107 filmes que o TEMPO desbancou na disputa, a vitória não é sobre receber o prêmio de escolha do público, a vitória, talvez (talvez mesmo) seja sobre mim.